HISTÓRIAS

DANIEL BERG

Conheça a história do missionário, evangelista, pastor e fundador das Assembleias de Deus no Brasil

Daniel Berg
Daniel Berg
Foto: Daniel Berg, com sua família. Berg fundou as Assembleias de Deus no Brasil em 18 de junho de 1911, juntamente com Gunnar Vingren e 18 crentes batistas de Belém (PA) que creram na doutrina do batismo no Espírito Santo.

DANIEL BERG 
(1884–1963)
Missionário, evangelista, pastor e fundador das Assembleias de Deus no Brasil. Nasceu em 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargön, na Suécia, às margens do lago de Vernern. Quando recém-nascido, o padre da cidade visitou inúmeras vezes a casa de seus pais para convencê-los a batizá-lo, mas nada conseguiu. Por isso, desde criança, Daniel era mal visto pelo padre, que, desprestigiado, passou a dizer que a criança que não fosse batizada por ele jamais sairia de Vargön. “Já naquele tempo pude observar a desvantagem e o perigo de o povo ter uma fé dirigida, sem liberdade. A religião que dominava minha cidadezinha e arredores impossibilitava as almas de terem um encontro com o Salvador”, conta o pioneiro em suas memórias. 

Quando o evangelho começou a entrar nos lares de Vargön, seus pais, Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg, o receberam e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, quando contava 15 anos de idade, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas na Igreja Batista de Ranum. 

Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país. Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M.S. Romeu, com destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de mim”, frisava. O motivo foi a grande depressão financeira que dominara a Suécia naquele ano. 

Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida. 

De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhe conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só Lewi Pethrus*, seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali. “Vive em uma cidade próxima, onde prega o evangelho”, explicou sua mãe. 

Logo chegou a seu conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”.  

Chegando à igreja do amigo Lewi Pethrus (Igreja Batista de Lidköping), encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente sobre a nova doutrina. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu de seus pais e partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à América do Norte. 

Em 1909, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à busca da bênção. 

Ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida. A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a contar seu testemunho a todos. 

Ainda em 1909, por ocasião de uma conferência em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois conversaram horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro acreditava que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas. 

Quando Vingren estava em South Bend, Daniel Berg estava trabalhando em uma quitanda em Chicago quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando a igreja Batista dali. “Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o seu nome”, disse Berg. “Está bem!”, respondeu Vingren com singeleza. Passaram, então, a encontrar-se diariamente para estudarem as Escrituras e orarem juntos, esperando uma orientação de Deus. 

Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o emprego. Eles argumentaram: “Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago”. Mas ele estava convicto da chamada e não voltou atrás. 

Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a pessoa que recebesse a oferta. 

Esse gesto serviu de consolo para Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá para o Brasil em um navio. 

No Pará, Daniel, com 26 anos de idade, logo se empregou como caldereiro e fundidor na Companhia Port of Pará, recebendo salário mensal de 12 mil réis, passou a custear as aulas de português ministradas a Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren ensinava o que aprendera a Daniel. Justamente por isso, Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias nos Estados Unidos. 

Tão logo começou a se fazer entender na língua portuguesa, passou a evangelizar nas cidades e vilas ao longo da Estrada de Ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era praticamente desconhecido no interior do Pará, Berg se tornou o pioneiro da evangelização na região. É que as igrejas evangélicas existentes na época não tinham recursos suficientes para promover a evangelização no interior. 

Após a evangelização de Bragança, tornou-se também o pioneiro na evangelização da Ilha de Marajó, onde peregrinou por muitos anos, a bordo de pequenas e grandes canoas. Berg ia de ilha em ilha, levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que iam se formando por onde passava. 

No início de 1920, Daniel visitou a Suécia, onde se enamorou com a jovem Sara, com quem se casou em 31 de julho daquele ano. Em março de 1921, retornou ao Brasil, acompanhado por sua esposa. O casal teve dois filhos: David e Débora. 

Em 1922, seguiu para Vitória (ES) para estabelecer a Assembleia de Deus naquela capital, permanecendo até 1924, quando foi para Santos fundar a AD no Estado de São Paulo. Em 1927, o casal Berg mudou-se para a capital São Paulo, onde Daniel continuou fazendo seu trabalho de evangelismo até 1930. 
Depois de um período de descanso, seguiu para a obra missionária em Portugal, entre os anos 1932-1936, na cidade de Porto. Após passar pela Suécia, retornou ao Brasil, em 11 de maio de 1949. Permaneceu na cidade de Santo André (SP) até 1962, quando retornou definitivamente para a Suécia. 

Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos, sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado. Sempre que surgia algum problema, estas eram suas palavras: “Jesus é bom. Glória a Jesus! Aleluia! Jesus é muito bom. Ele salva, batiza no Espírito Santo e cura os enfermos. Ele faz tudo por nós. Glória a Jesus! Aleluia!”.  

No Jubileu de Ouro das Assembleias de Deus no Brasil, comemorado em Belém, Berg estava lá, inalterado, enquanto os irmãos faziam referência a sua atuação no início da obra. Para ele, a glória era única e exclusivamente para Jesus. Berg considerava-se apenas um instrumento de Deus. 

Nas comemorações do Jubileu no Rio de Janeiro, no Maracanãzinho, quando pastor Paulo Leivas Macalão colocou em sua lapela uma medalha de ouro, Berg externou visivelmente em seu rosto a ideia de que não merecia tal honraria. 

Até 1960, Berg recebeu, diretamente de Deus, a cura de suas enfermidades mediante a oração da fé. Mas, a respeito de suas condições de vida nos seus anos finais, pode-se inferir que não tinha o amparo que merecia. A esse respeito, o pioneiro Adrião Nobre protestou na revista A Seara, edição de novembro-dezembro de 1957, p. 32: “O irmão Berg reside em São Paulo (cidade de Santo André). Não sei como ele vive ultimamente; tive, contudo, notícias desagradáveis com relação à sua condição de vida – não tem, segundo soube, o descanso que merece, nem o conforto que lhe devemos proporcionar. Irmãos, não sejamos injustos, lembremo-nos de auxiliar o tão amado pioneiro da obra pentecostal no Brasil”.
Em 1963, foi hospitalizado na Suécia. Mesmo assim, ainda trabalhava para o Senhor. Ele saía da enfermaria para distribuir folhetos e orar pelos que se decidiam. A disciplina interna do hospital não lhe permitia fazer esse trabalho, por isso uma enfermeira foi designada para impor-lhe a proibição. Porém, ao deparar-se com o homem de Deus alquebrado pelo peso dos anos, mas vigoroso em sua tarefa espiritual, não teve coragem e desistiu da tarefa. Berg, então, continuou a oferecer literaturas.

Finalmente, em 27 de maio de 1963, aos 79 anos, Daniel Berg morreu. Sua esposa, Sara, faleceu em 11 de abril de 1981. 

Fontes: BERG, Daniel. Enviado por Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 8ª edição, 2000, 208 pp; VINGREN, Ivar. O diário do pioneiro – Gunnar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 1973, 222 pp; CONDE, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 2000. pp. 19- 50; Ivar Vingren skriver om svensk pingstmission i Brasilien - Från missionsInstitutes serie av missionärsberättelser (Ivar Vingren escreve sobre a missão pentecostal sueca no Brasil - Da série de relatos de missionários do Instituto de Missões). Suécia, 1994, pp. 20-27; DESPERTAMENTO apostólico no Brasil. Tradução: Ivar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 1987, pp. 7-44; VINGREN, Ivar. Det började i Pará - Svensk Pingstmission i Brasilien (Tudo começou no Pará - missão pentecostal sueca no Brasil). Ekrö, Suécia: MissionsInstitutet-PMU, 1994, pp. 28-34; Boa Semente, Belém (PA), setembro 1930, p. 5; Mensageiro da Paz, CPAD, setembro 1999; janeiro 1997; dezembro 1985; junho 1980; março 1980; agosto 1936, p. 5, 1a quinzena; julho 1936, p. 7, 2a quinzena; fevereiro 1933, p. 7, 2a quinzena; julho 1963 p. 1 2a quinzena; novembro 1933, p. 6, 2a quinzena; novembro 1989, p. 12; setembro 1981; Obreiro, CPAD, jan-mar 1979, pp.42-45; A Seara, CPAD, janeiro 1957, pp. 23-26, 36; julho 1963, pp. 4, 5.


NASCE A ASSEMBLEIA DE DEUS


Com um número tão pequeno, mas valoroso no Espírito, estavam lançadas as bases do Movimento Pentecostal, cujas raízes se estenderiam por todo o solo brasileiro com o nome de Assembleia de Deus.
Aqueles irmãos que foram desligados da referida Igreja Batista, juntamente com os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, não recuaram. Antes, convidaram os missionários para pastoreá-los, passando a se reunir em uma espaçosa sala na residência do casal Celina e Henrique Albuquerque.
A gloria do Senhor se manifestava naquele lugar entre o pequeno rebanho. Urgia, portanto, organizar o Movimento. Como eles não poderiam ficar de braços cruzados diante de tão grande mover do Espírito Santo, no dia 18 de junho de 1911, por deliberação unânime, foi fundada a Missão de Fé Apostólica, posteriormente denominada de Assembleia de Deus.
O termo Assembleia de Deus, dado à novel igreja, não tem uma origem definida. Entretanto, supõe-se que esteja ligado às igrejas que na América do Norte professavam a mesma doutrina e receberam a denominação de Assembleia de Deus ou Igreja Pentecostal.
Sobre isto, é aceitável o seguinte testemunho do presbítero Manoel Maria Rodrigues:
 Estou perfeitamente lembrado da primeira vez que se tocou neste assunto. Tínhamos saído de um culto na Vila Coroa. Estávamos na parada do bonde, na Bernal do Couto, canto com a Santa Casa de Misericórdia. O irmão Vingren perguntou que nome deveria se dar à igreja, explicando que na América do Norte usavam os termos Assembleia de Deus ou Igreja Pentecostal.
Aqueles irmãos depois concordaram que a igreja deveria ser chamada de Sociedade Assembleia de Deus e, no dia 11 de janeiro de 1918, foi registrada oficialmente com esse nome. Algum tempo depois, passou a ser chamada de Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
PENTECOSTAIS EM AÇÃO
 Organizada a igreja, os pioneiros tiveram melhores condições de realizar o trabalho para o qual foram designados por Deus. Gunnar Vingren foi escolhido como pastor do novo rebanho e, como presbítero, foi designado o irmão Manoel Maria Rodrigues. O trabalho crescia, pois o Senhor Jesus continuava a salvar, curar e batizar com o Espírito Santo.
Imediatamente, Daniel Berg e Gunnar Vingren começaram a realização de cultos públicos em vários lugares, principalmente nas casas dos irmãos, onde outrora a igreja a que pertenciam havia realizado cultos. Isso aconteceu cerca de sete meses após a chegada dos missionários no Brasil. Dessa maneira, graças à bondade e à misericórdia de Deus, no início do século passado, iniciou-se o maior fenômeno evangelístico pentecostal no Brasil.
No início, o irmão Gunnar Vingren pouco viajava, pois sua missão era pastorear o pequeno rebanho, além de orar muitas vezes dias e noites inteiros pelo sucesso da obra do Senhor. De acordo com Efésios 4.11, ele era apóstolo e mestre, além de pastor da igreja, pois sua vocação e chamada ministerial eram essas.
Daniel Berg, pelo mesmo princípio bíblico, além de apóstolo, era evangelista. Ele tinha particular êxito no trabalho de evangelização pessoal, na venda de livros e distribuição de passagens bíblicas, o que lhe dava oportunidade de testificar a muitas pessoas, de casa em casa e nas viagens que empreendeu ao interior do Pará. Na época, mesmo tendo um escasso vocabulário em Português, no momento exato o Espírito Santo punha as palavras certas na sua boca. A sua mensagem era simples, e ele dizia sempre a todos com quem falava:
 Jesus Cristo salva, batiza com o Espírito Santo e cura os enfermos, e voltará em breve.
Com a expansão da obra, o inimigo de nossas almas levantou-se e moveu perseguições de todas as formas contra a novel igreja. Tornou-se comum a distribuição de folhetos contendo afirmações injurio­sas, bem como os ataques da imprensa por parte daqueles que não aceitavam a existência e a posição doutrinária da igreja nascente.
Casas que serviam para pontos de pregação foram apedrejadas. Havia insultos, levantes e algazarras tais que muitas vezes requeriam a intervenção da polícia. Mas o Senhor, que não desampara os seus, se manifestava com o conforto do Espírito Santo e o estímulo necessário, animando seus filhos por meio de profecias, como a seguinte, datada de 1913.
Profecia recebida. Era uma manhã de domingo, dia 25 de março de 1913. Os irmãos estavam reunidos em oração, quando o Senhor falou profeticamente: 
Paz seja Convosco! Eu sou o Senhor que vos amei, que vos chamei para que me sejais testemunhas entre os homens, do meu poder e do meu grande amor para com os pecadores. Alegrai-vos, meus filhos, porque eu estou convosco para vos dirigir no caminho dos céus.
Pouco tempo tendes para lutar. Sede, pois, corajosos ao confessar o meu nome, e crede, meus filhos, eu sou o Senhor que sonda os corações; não vos deixarei envergonhados, e todos conhecerão que Eu, o Senhor, e Todo-Poderoso, estou convosco.
Tranqüilizai-vos e não penseis em vossos corações: “O Senhor tarda em vir”. Guardai-vos na minha Palavra, que é a vossa luz; e a minha Palavra, que vos tenho dado, é a verdade. Eu sou a verdade. Eu sou a luz. Segui-a. Eu vos mostrarei a verdade da vida e os mananciais de águas vivas.
Alegrai-vos porque eu vos remi com o meu sangue, que derramei por vós. Dai glórias ao vosso Rei e crede que cedo estareis comigo face a face. Eu sou o Senhor, tenho dito.
Meu filho (para Gunnar Vingren), atenta os teus ouvidos e abre o teu coração e ouve a voz do teu Senhor que te chamou, porque assim aprouve ao Pai, para que por ti sejam ajuntadas as minhas ovelhas dispersas neste País. Crê, meu filho, uma grande obra eu tenho confiado a ti. Não desfaleças de teu ânimo nem indagues: Quem me ajudará?” — porque Eu, o Senhor, estou contigo. O Espírito Santo te revelará tudo quanto necessitares.
Lembra-te, meu filho, que o meu amor por tifoi perfeito, com o meu sangue eu te amei, com o Espírito Santo eu te ungi, para que clames em meu nome vida, paz e perdão para os pecadores. Não desprezes nenhuma palavra de todas que tenho dado porque, a seu tempo, todas serão cumpridas.
Apascenta o meu rebanho, anima-o com o exemplo da tua fé. Chega-te mais a mim, e eu te mostrarei verdes pastagens efrescos regatos onde os conduzirás. Guarda-te na obediência, fica debaixo do meu sangue. Far-te-ei vencedor sobre todos os inimigos. Não andes apressadamente. Sê paciente, fortalece-te na fé, no amor, e serei contigo.
Eis que eu, o Senhor, assim o quero: que todos andem em obediência à tua voz, e crê que eu vou manifestar mais e mais o meu poder. Eis que venho breve!

Deus continuava a abençoar o trabalho, que pouco a pouco se estabilizava na cidade. Daniel Berg continuava empreendendo viagens pelo interior. Os riscos das viagens eram compensados pela aceitação da mensagem divina por pessoas sedentas de conhecerem a Deus. Enquanto isso, o Senhor o livrava de perigos e de doenças, entre as quais cólera e malária, além de outros inimigos naturais da região.
Mas a semente caiu em boa terra, vingou e cresceu. Da Rua Siqueira Mendes, a sede da igreja foi transferida para a Av. São Jerônimo, n° 224 (numeração antiga), para a casa pertencente ao irmão José Batista de Carvalho; lá permaneceu até oito de novembro de 1914, quando foi transferida para a Travessa Nove de Janeiro, n° 75 (numeração antiga). Havia, porém, pontos de pregação nas vilas Coroa e Guarany.

Primeiros obreiros. O irmão Gunnar Vingren, apesar de a igreja estar ainda em sua fase inicial, já se preocupava com o trabalho evangelístico e missionário. Ele procurou despertar esse espírito entre os brasileiros salvos por Jesus Cristo. Como resultado, dentro de pouco tempo surgiram obreiros vocacionados para um trabalho de âmbito nacional, tais como: Isidoro Filho (1912) e Absalão Piano (1913), os primeiros pastores pentecostais consagrados no Brasil; além de Pedro Trajano (1914), Crispiniano Melo (1915) e Adriano Nobre (1915).
Ainda em 1913, o irmão José Plácido da Costa foi designado como missionário e foi o primeiro desta igreja a levar as boas novas ao povo português.
Gunnar Vingren e Daniel Berg tiveram como auxiliares na igreja, os seguintes irmãos: Pedro Trajano Pinheiro (1915-1917); Adriano Nobre (1916-1917); Almeida Sobrinho (1916-1924); Samuel Nyström (1917-1924); Bruno Skolimowsk (1922-1924); Nels Nelson (1921-1924).

Uso da imprensa. Em 1° de novembro de 1917, foi publicado, em Belém do Pará, o primeiro jornal pentecostal no Brasil. Sob o título Voz da Verdade, ficou sob a responsabilidade dos pastores Almeida Sobrinho e João Trigueiro. Foram impressos dois números. O jornal tinha a sua sede na rua Demétrio Ribeiro, n° 8-C. Esse jornal deixou de circular no mês de janeiro de 1918.
Em 1917, nos porões do primeiro templo da Igreja em Belém e no Brasil (na Trav. Nove de Janeiro, n° 75), foi criado um serviço de tipografia que começou a editar o jornal Boa Semente – e outras publicações, tais como calendários, hinários, estudos para Escola Bíblicas, revistas da Escola Dominical. A princípio, o jornal foi distribuído gratuitamente, mas depois passou a ser vendido.
Gunnar Vingren era o diretor, tendo como colaboradores os irmãos Samuel Nyström e, depois, Nels Julius Nelson. Lançado em 1919, este jornal circulou até 1930, funcionando como o órgão oficial de comunicação da Assembleia de Deus no Brasil, quando foi substituído pela publicação doMensageiro da Pazque permanece até hoje.
Em 1925, Samuel Nyström, sentindo a necessidade de um auxiliar na redação do jornal Boa Semente, trouxe Plácido Aristóteles Tavares do Canto, que há tempo conhecera em Recife, para ajudá-lo, posto que era um homem de reconhecida capacidade literária e cujo testemunho era positivo e profícuo no trabalho do Senhor.
Transcrevemos, a título de curiosidade, fragmentos do primeiro número do jornal Boa Semente:

A Igreja Pentecostal no Brasil, sentindo há tempo a necessidade de uma publicação de sua fé, na qual melhor se pudesse conhecer os escritos da Bíblia Sagrada, vem, hoje, preencher esta necessidade, com o presente jornal. Tal é o motivo que traz à luz o Boa Semente.

E mais abaixo:

A nossa atitude, pois, para com todos os crentes de qualquer denominação, é esta: não queremos desunião, nem discussão. Queremos, é certo, falar a verdade do Senhor. Queremos, sim, anunciar todo o conselho de Deus.

Onze anos depois, o jornal Mensageiro da Paz publicou, sem muitos aparatos, o seguinte:

Conforme determinou a Convenção em Natal, o Mensageiro da Paz veio substituir os periódicos “Som Alegre” e “Boa Semente”, que se fundiram em um só jornal, que passará a ser o Órgão das Assembleias de Deus no Brasil.[1]

Em 1920, o irmão Gunnar Vingren viajou pelo País, visitando e confirmando os trabalhos organizados. Em 1921, por motivo de doença, viajou para a Suécia, onde fez conhecida de todos a obra que Deus estava fazendo no Brasil, despertando assim mais o zelo missionário dos seus patrícios. Com isto, muitos jovens deixaram o conforto da sua pátria e vieram para o Brasil, entre eles Samuel Nyström, que depois veio a substituir Gunnar Vingren no pastorado da Igreja em Belém.
Em 1921, foi realizada a primeira Convenção Paraense, tendo como sede a cidade de São Luís, Município de Igarapé-açu, na Estrada de Ferro de Bragança. Em Belém, no período de 18 a 22 de agosto de 1921, teve lugar a primeira Escola Bíblica, que congregou um bom número de obreiros, os quais se reuniram para melhor se prepararem para o servi­ço de Deus, tendo grande atuação na ministração de estudos bíblicos o irmão Samuel Nyström.
Quando auxiliava Gunnar Vingren na Igreja em Belém, Samuel Nyström foi enviado para Manaus, onde fundou a Assembleia de Deus no Amazonas, em 1º de janeiro de 1918. Ele abriu trabalho também em Rio Branco (AC), retornando a Belém em 1922.


MANOEL MARIA RODRIGUES

Pela importância de sua participação no nascimento da Assembleia de Deus e pelo trabalho que realizou ao longo do tempo, merece destaque o irmão Manoel Maria Rodrigues.
Nascido em 22 de dezembro de 1893 na pequena Vila de Esgueira, distrito de Aveiro, Portugal, Manoel Rodrigues era filho de Julio Maria Rodrigues e Luzia Gonçalves de Jesus. Bem jovem ainda e recém casado com uma moça espanhola de nome Jezusa Dias, imigrou para o Brasil, fixando residência em Belém do Pará.
Em Belém, entrou em contato com o evangelho e decidiu entregar-se a Cristo, sendo batizado em águas pelo pastor Almeida Sobrinho, na Primeira Igreja Batista de Belém, em 09 de maio de 1909. Muito estudioso da Bíblia e dedicado à fé que abraçara, veio a ser consagrado diácono daquela igreja, cargo que exercia com eficiência e piedade cristã.
Nesta condição ele estava quando, em 1910, chegaram ao Brasil os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren. Verdadeiro investigador da verdade, Manoel Rodrigues e sua esposa Jezusa Dias vieram a ser contados entre os que foram desligados da Igreja Batista e fundaram a Assembleia de Deus.
O Mensageiro da Paz, na reportagem que noticiou o seu falecimento, descreveu:

Diga-se, a bem da verdade, que o irmão Manoel Rodrigues chegou até a ser esbofeteado no rosto... pelo crime de manter a sua liberdade de crer em Jesus conforme a sua consciência... mas nada o abalou; permaneceu firme confessando que Jesus batiza atualmente aquele que crê no batismo com o Espírito Santo, e por este motivo foi excluído.[2]

            Ainda no nascedouro da igreja, foi separado como presbítero, o primeiro a ser consagrado.
Em 1914, zeloso de seus deveres filiais, Manoel Rodrigues resolveu regressar a Portugal, a fim de levar a mensagem do evangelho a seus velhos pais e irmãos que ali deixara. Deus o abençoou grandemente em Portugal, onde também foi um dos pioneiros da obra pentecostal. Entre aqueles que ali ganhou para Jesus, se destacou como verdadeiro valor espiritual e evangelístico o pastor Rogério Ramos Pereira.
            De Portugal, Manoel Rodrigues foi para a Argentina, a fim de encontrar alguns parentes e amigos, a quem se sentia no dever de evangelizá-los. Assim, mais um trabalho pioneiro lhe foi confiado por Deus, pois na sua residência em Buenos Aires foi que nasceu a Assembleia de Deus da Argentina. Depois disso, ele voltou para Belém.
            Tendo completado a sua missão na terra, o Senhor Jesus o chamou ao descanso eterno quando se passavam quinze minutos das 14h do dia 19 de maio de 1969, onde agora está aguardando a coroa da justiça, que lhe será dada pelo Justo Juiz.


Gunnar Vingren e Daniel Berg – A história dos fundadores da Assembleia de Deus no Brasil





Neste ano, completou-se 100 anos que os pioneiros suecos Adolf Gunnar Vingren e Daniel Högberg, mais conhecidos como Gunnar Vingren e Daniel Berg, deram início ao maior Movimento Pentecostal do mundo – as Assembleias de Deus no Brasil. Mas, como se deu a chamada deles ao Brasil?
Berg e Vingren se conheceram poucos anos antes de fundarem a AD brasileira, quando ainda estavam nos Estados Unidos – Berg, dedicando-se apenas aos trabalho secular e Vingren, como pastor ordenado pela Igreja Batista Sueca nos EUA. Ambos já haviam sido inflamados pelas chamas do Movimento Pentecostal norte-americano quando compartilharam entre si suas experiências e, juntos, em oração, receberam o chamado para o nosso país.
Gunnar Vingren nasceu em Ostra Husby, Ostergotland, Suécia, a 8 de agosto de 1879. Era filho de pais batistas, que lhe ensinaram desde cedo a trilhar nos caminhos santos. Ainda muito pequeno, seus pais o levavam à Escola Dominical, onde seu pai era dirigente.
Em 1897, aos 18 anos, foi batizado nas águas na Igreja Batista em Wraka, Smaland, Suécia. Nessa época, assumiu a direção da Escola Dominical de sua igreja, substituindo seu pai. Em 14 de julho daquele ano, um artigo de uma revista, que falava sobre os sofrimentos de tribos nativas no exterior, o levou às lagrimas e a uma decisão que mudaria o rumo de sua vida. “Subi para o meu quarto e ali prometi a Deus pertencer-lhe e pôr-me à sua disposição, para honra e glória de seu nome. Orei também insistentemente para que Ele me ajudasse a cumprir esta promessa”, relata o homem de Deus.
Em outubro de 1898, deixou a direção da Escola Dominical e foi participar de uma Escola Bíblica em Götabro, Närke. “Nunca mais na minha vida recebi uma instrução bíblica tão profunda como aquela. Pastor Kihlstedt nos quebrantava completamente com a Palavra de Deus. Ele nos tirava tudo, tudo, até que ficássemos inteiramente aniquilados como pó diante dos pés do Senhor. Depois vinha o irmão Emílio Gustavsson com o óleo de Gileade, e sarava as feridas da alma, alimentando nossos corações famintos com o melhor trigo dos celeiros de Deus. Oh, que tempo aquele! Fez-me bem pelo resto de toda a minha vida”, conta Vingren em suas memórias.
Aquela Escola Bíblica durou um mês e fazia parte de uma Federação Evangélica que tinha o objetivo de ganhar almas para Cristo. Depois dela, Vingren foi enviado com o evangelista Soderlund à província de Skane, seu primeiro campo de trabalho. Em seguida, evangelizou nas províncias de Västergötland e Tidaholm, onde adoeceu de papeira e foi curado instantaneamente após a oração de um grupo de irmãos. De lá, evangelizou em Rönneholm e retornou a Skane.
Após o serviço militar, foi atraído pela “Febre dos Estados Unidos”. Em 30 de outubro de 1903, embarcou na cidade de Gotemburgo num vapor que o levou à cidade de Hull, na Inglaterra. Dali, foi de trem para Liverpool, onde pegou outro vapor, com destino a Boston, Massachusets (EUA). Chegando lá, tomou um trem até Kansas City, onde morava seu tio Carl. Depois de uma semana, começou a trabalhar como foguista em Greenhouse até o verão. Foi porteiro de uma grande casa comercial na região e jardineiro, profissão que aprendera com seu pai. Em fevereiro de 1904, conseguiu um emprego no Jardim Botânico de Saint Louis. Aos domingos, Vingren assistia os cultos de uma igreja sueca estabelecida naquela cidade.
Em setembro de 1904, iniciou um curso de quatro anos no Seminário Teológico Batista Sueco, em Chicago. Durante o tempo em que morou em Kansas, pertencera à Igreja Batista sueca, onde fora exortado a voltar a estudar. Durante o curso, foi convidado a pregar em vários igrejas. Pelo Seminário, estagiou sete meses na Primeira Igreja Batista em Chicago, Michigan. Depois, estagiou nas Igrejas Batistas em Sycamore, Illinois; Blue Island, também em Illinois; e, por fim, em Mountain, Michigan.
Concluiu seus estudos e foi diplomado em maio de 1909. Nesse período, entregou uma solicitação para ser enviado como missionário. Enquanto a resposta não chegava, foi convidado para assumir o pastorado da Igreja Batista em Menominee, Michigan. Em junho daquele ano, assumiu a direção da igreja.
Nesse período, participou da Convenção Geral Batista dos Estados Unidos, onde foi decidido que seria enviado missionário para Assam, na Índia, juntamente com sua noiva. A Convenção Batista do Norte o sustentaria. No início, Vingren convenceu-se de que esta era a vontade de Deus, mas, durante a Convenção, Deus mostrou-lhe o contrário. Voltando à sua igreja, enfrentou uma grande luta por causa de sua decisão. Finalmente, resolveu não aceitar a designação e comunicou sua decisão à Convenção por escrito. Por esse motivo, a moça com quem se enamorara rompeu o noivado. Ao receber a carta dela, respondeu: “Seja feita a vontade do Senhor”.
Por esse tempo, despontava um grande avivamento nos Estados Unidos, que culminou no atual Movimento Pentecostal que se espalhou pelo mundo no século 20. Nessa época, uma irmã que tinha o dom de interpretar línguas foi usada por Deus para dizer-lhe que seria enviado ao campo missionário, mas “somente depois de revestido de poder”.
No verão de 1909, Deus encheu o coração de Vingren com o desejo de receber o batismo no Espírito Santo. Em novembro daquele ano, ele pediu permissão à sua igreja para visitar a Primeira Igreja Batista Sueca, em Chicago, onde se realizava uma série de conferências. O seu objetivo era buscar o batismo no Espírito Santo. Após cinco dias de busca incessante, foi revestido de poder, falando em outras línguas como os discípulos no Dia de Pentecostes.
Foi nessas conferências que conheceu Daniel Berg, que se tornaria mais à frente seu grande amigo.
O encontro entre Berg e Vingren
Daniel Högberg, conhecido no Brasil como Daniel Berg, nasceu a 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargon, na Suécia, às margens do lago de Vernern. Quando o Evangelho começou a entrar nos lares de Vargon, seus pais, Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg, o receberam e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas.
Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país. Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M.S.Romeu, com destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de mim”, frisava. O motivo foi a grande depressão financeira que dominara a Suécia naquele ano.
Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas, Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida.
De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhe conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali. “Vive em uma cidade próxima, onde prega o Evangelho”, explicou sua mãe.
Logo chegou a seu conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”. Chegando à igreja do amigo, encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente sobre a “nova doutrina”. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu-se e partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à América do Norte.
Em 1909, após despedir-se dos pais, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à busca da bênção. Ainda no navio, ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida.
A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a evangelizar como nunca e a contar seu testemunho a todos. Foi então que, por ocasião das já mencionadas conferências em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois conversaram horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro acreditavam que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas.
Ao voltar à sua igreja em Menominee após as conferências em Chicago, Vingren começou a pregar a verdade de que “Jesus batiza no Espírito Santo e com fogo”. Em fevereiro de 1910, Vingren foi intimado a se afastar da igreja, que ficou dividida: metade cria na promessa e a outra a rejeitava. Os que rejeitaram obrigaram-no a deixar o pastorado.
No entanto, Vingren recebeu o apoio da Igreja Batista em South Bend, Indiana. Todos ali o receberam e creram na verdade. Na primeira semana, Jesus batizou dez pessoas no Espírito Santo. Naquele verão, quase vinte pessoas receberam a promessa. Assim, Deus transformou a Igreja Batista de South Bend em uma igreja pentecostal. Vingren pastoreou-a até 12 de outubro de 1910, quando começou a preparar-se para a viagem ao Brasil.
Quando Vingren voltou a South Bend, Berg estava trabalhando em uma quitanda em Chicago quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando aquela Igreja Batista. “Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o seu nome”, disse Berg. “Está bém!”, respondeu Vingren com singeleza. Passaram, então, a encontrarem-se diariamente para estudar as Escrituras e orar juntos, esperando uma orientação de Deus.
O chamado e a chegada ao Brasil
Foi em South Bend que Vingren e Berg foram revelados pelo Espírito Santo, através da instrumentalidade do irmão Olof Uldin (que havia conhecido Vingren e Berg), sobre vários acontecimentos futuros a respeito dos dois. Entre outras coisas, Deus lhes disseras que deveriam ir para um lugar chamado Pará; que o povo desse lugar era de um nível social muito simples; que Gunnar deveria lhes ensinar os rudimentos da doutrina bíblica; que Berg e ele comeriam comidas simples, mas não lhes faltaria nada; e que Vingren casaria com uma moça chamada Strandberg (Anos depois, quando de retorno à Suécia após o início da obra no Brasil, Vingren conheceria a enfermeira Frida Strandberg, com quem se casaria).
Ao ouvirem pela primeira vez o nome do lugar para onde Deus os chamara, não sabendo onde era, foram até a biblioteca pública da cidade, onde descobriram que o Pará ficava no Norte do Brasil. Depois de orarem, Berg e Vingren aceitaram o destino.
Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o emprego. Eles argumentaram: “Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago”. Mas, ele estava convicto da chamada e não voltou atrás.
Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a pessoa que recebesse a oferta. Esse gesto tocou o coração de Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá para o Brasil em um navio.
Deus proveu milagrosamente a quantia certa para a viagem. Durante a viagem, ganharam um tripulante para Cristo. Quatorze dias após saírem de Nova Iorque, chegaram ao Pará. Era o dia 19 de novembro de 1910.
Em Belém, moraram no porão da Igreja Batista localizada na Rua Balby, 406. Depois, passaram um tempo na casa do irmão presbiteriano Adriano Nobre, em Boca do Ipixuna, às margens do Rio Tajapuru. Hospedaram-se no mesmo quarto onde morava o irmão Adrião Nobre, primo de Adriano. De volta a Belém, retornaram ao porão da igreja. Por esse tempo, já falavam um pouco de português. O primeiro professor deles fora o irmão Adriano.
As irmãs Celina Albuquerque e Maria de Nazaré creram na mensagem pentecostal e receberem o batismo no Espírito Santo. Criou-se, então, uma discussão na igreja, que culminou na expulsão de 19 membros mais Vingren e Berg. Em 18 de junho de 1911, nascia a Missão de Fé Apostólica, que em 11 de janeiro de 1918 foi registrada oficialmente com um novo nome, Assembleia de Deus, nome este que a nova igreja já usava desde 1916. Era uma igreja sem vínculos estrangeiros, genuinamente brasileira e que se tornaria a maior igreja pentecostal do mundo.
Fonte: CPADNews



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